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January 03, 2023

Este é o seu primeiro item

Sete expectativas para a excelência educacional teológica

Se eu precisasse colocar no papel algumas expectativas pessoais quanto à excelência educacional de uma instituição de ensino teológico, penso que começaria, ainda que sucintamente, por aqui:

Que a ESCRITURA servisse como modelo inegociável tanto da filosofia quanto da prática do ensino e aprendizagem em uma instituição de ensino teológico, de modo que a teologia não desempenhasse um papel integrativo com as demais áreas do conhecimento humano, mas mantivesse o status de padrão centralizador, condicionando conteúdos, métodos e processos aos propósitos supremos da Revelação.

Que a ESPIRITUALIDADE recebesse espaço e valor na mesma medida em que estes são concedidos ao academicismo ao longo do processo de ensino e aprendizagem dos estudantes de teologia, mediante ações individuais e coletivas planejadas para práticas de oração, louvor, gratidão e meditação na Palavra como parte de um programa de formação intencionalmente holística que contemplasse conhecimento (academicismo teoló- gico), caráter (formação espiritual) e capacitação (habilidade ministerial).

Que a ANDRAGOGIA fosse adotada como metodologia uniforme de ensino e aprendizagem em sala de aula, levando em conta o público adulto envolvido na educação teológica, com vistas à valorização da interação entre alunos e professores e entre alunos e alunos, promovendo reflexões que evidenciassem muito maior disposição em vivenciar e aplicar os conhecimentos teológicos do que apenas retê-los cognitivamente.

Que as AVALIAÇÕES não fossem simplificadas à verificação pontual e classificatória, na qual o aluno é identificado como um conceito ou valor numérico ao final de um período acadêmico, mas que fossem muito bem elaboradas, diversificadas e aplicadas ao longo de todo processo de ensino e aprendizagem, a fim de que os dados colhidos servissem tanto para diagnosticar a condição dos alunos quanto a dos próprios professores, métodos de ensino utilizados, conteúdos das disciplinas, matrizes curriculares e filosofia educacional da instituição, visando estratégias de mudanças e aperfeiçoamentos.

Que o PLANEJAMENTO acadêmico desenvolvido fosse integral e constantemente avaliado quanto a planos de cursos, planos curriculares, planos de disciplinas, planos de aulas, planos de atividades, planos de mentoreamentos e planos de desenvolvimentos, através de práticas de coordenação, supervisão e interação entre docentes e administradores.

Que a BIBLIOTECA atendesse funcional e satisfatoriamente aos propósitos dos programas oferecidos na instituição, disponibilizando aos discentes e docentes propício ambiente ao estudo, assim como acessível, atualizado e equilibrado acervo bibliográfico para as áreas de conhecimento teológico e concernentes campos de investigação, formação espiritual e prática ministerial, mediante a viabilidade de diversificados recursos impressos e digitais.

Que a TECNOLOGIA fosse adotada como objeto de constante investimento e aprimoramento, a fim de promover e desenvolver pesquisa relevante, atualizada, funcional e qualitativa entre professores e alunos, inserindo-os num universo de crescente, seguro e significativo conhecimento teológico, tanto para o ambiente de ensino presencial quanto para oportunidades de ensino virtual.

Que a EQUIPE DOCENTE E ADMINISTRATIVA da instituição teológica evidenciasse maturidade cristã suficiente, conforme padrões e critérios bíblicos para a liderança ministerial, a fim de lidar eficientemente com as demandas relacionais concernentes à uma diversificada comunidade de aprendizagem, assim como demonstrar suficiente competência “profissional” e técnica tanto para administrar conteúdos de conhecimento e suas respectivas práticas de ensino e aprendizado, quanto para gerenciar aspectos administrativos, logísticos, patrimoniais e financeiros intrínsecos à uma instituição de ensino.

Que o CONTEXTO presente e futuro dos alunos fosse considerado como elemento imprescindível para a aplicabilidade dos conhecimentos desenvolvidos durante o processo de formação teológica, de maneira que a significância intrínseca aos conteúdos abordados adquirisse significativa praticidade na perspectiva educacional, levando a academia para a realidade da vida, resgatando e imprimindo o senso da missão da Igreja de Cristo no mundo.

Que a IGREJA LOCAL jamais fosse vista como uma força competidora ou ameaçadora para a instituição de ensino teológico, mas que, a partir de uma visão colaborativa, a comunidade cristã fosse acolhida como referencial da realidade do Reino, para que a partir dela a formação teológico-ministerial demonstrasse coerência entre os conteúdos ensinados e as reais demandas e necessidades cristãs na contemporaneidade, bem como nela as escolas teológicas vislumbrassem a potencial parceria para o desenvolvimento das práticas ministeriais exigidas aos alunos, proporcionando-lhes mentoreamento e supervisão in loco.

Mais haveria para ser refletido, escrito e adicionado, mas, como um ponto de partida, iniciaria a caminhada nesta direção, estando aberto à contribuição de educadores.

February 23, 2023

Este é o seu segundo item

As vantagens de ser uma afiliada da AUTAD

As escolas que se afiliam à AUTAD não só usufruem de benefícios – também passam a fazer parte de uma comunidade teológica continental enriquecedora.

A primeira pergunta ouvida das escolas quando se oferece a oportunidade de se afiliarem à AUTAD é: “O que ganhamos com isso?”
Seria muito pobre e simples a resposta descrevendo um pacote de benefícios palpáveis – isso é apenas e tão somente uma amostra grátis. O que a AUTAD oferece é muito mais do que isso, é a inserção da escola, independentemente de seu tamanho, em um contexto educacional teológico – e isso é o que mais importa na relação.
Além de ter em seu rol de afiliadas  escolas brasileiras, outras estão espalhadas por otros países , área territorial de atuação desta Associação. Compartilhar as atividades de sua instituição com seus pares hispânicos é deveras recompensador, pois muitas questões enfrentadas pelas escolas brasileiras têm sido as mesmas enfrentadas pelas “hispanas” e, o que é melhor, as soluções também têm sido as mesmas.
Situações como essa podem ser vivenciadas não somente durante as conferências teológicas continentais ou os treinamentos acadêmicos regionais, mas também através de um canal aberto de comunicação entre qualquer afiliada brasileira com qualquer afiliada hispânica. No site AUTAD consta a lista completa das afiliadas brasileiras e hispânicas, inclusive com a hospedagem gratuita dos logotipos e seus links.
Uma outra oportunidade de benefício indescritível é quando afiliadas 
Uma instituição teológica que se preza, seja ela do tipo: instituto bíblico, escola teológica, centro de estudo, faculdade teológica, seminário, academia teológica, etc., sempre procura estar atualizada em suas atividades, participando de eventos educacionais teológicos. Isso é necessário e saudável para toda a instituição.

Quanto aos benefícios palpáveis da AUTAD , destacamos:
• IGREJAS (Programa de Apoio a Eventos): envie um banner em JPG com os dados do evento para que a  AUTAD possa auxiliar na divulgação e no apoio institucional de sua escola.
• PCE (Programa de Capacitação Escolar): participe, com descontos na taxa de inscrição, desses treinamentos acadêmicos, pedagógicos e administrativos a fim de ter em seu quadro pessoal capacitado para as atividades.
• PDB (Programa de Desenvolv. de Biblioteca): São 30 editoras parceiras aguardando seus pedidos para oferecerem descontos especiais exclusivos para as afiliadas. Para isso foi criado o Guia Acadêmico que lhe auxilia na escolha de mais de 1.100 títulos que dão apoio ao estudo de 47 matérias teológicas.
• PPM (Programa de Premiação por Mérito): As afiliadas respondem a um questionário anual registrando suas atividades no ano, as quais serão tabuladas para a contagem de pontos, sendo premiadas as 3 primeiras colocadas.
• PRA (Prog. de Reconhecimento Acadêmico): Assim como o MEC, a AUTAD atua também como uma Agência de Reconhecimento, auditando todas áreas da instituição, porém, dando prioridade à natureza evangélica e sacerdotal. Para as escolas Reconhecidas é disponibilizado um selo holográfico 2D diferenciado, a ser utilizado em seus Diplomas e Certificados.
• Convênios Acadêmicos: a AUTAD oferece oportunidades de bolsa de estudo parcial ou total em instituições americanas e EEuropéia. Recentemente, foi oferecida às afiliadas bolsa de estudo . Além disso, alguns outros eventos educacionais são oferecidos às afiliadas através de agências parceiras daAUTAD .

As escolas que almejam esses benefícios afiliem-se, acessando o menu Como Afiliar-se

May 28, 2023

Este é o seu terceiro item

Ensino Teológico e Vida Cotidiana

Atribui-se a Immanuel Kant a frase que diz que “o fim da educação é desenvolver em cada indivíduo, toda a perfeição de que ele seja capaz”. Cabe dizer que, por perfeição, se quer dizer o desenvolvimento de todas as faculdades humanas de forma harmônica.

De modo geral, as igrejas hoje são mais instituições formalizadas do que comunidades vivas, cuja preocupação norteadora acaba sendo ou a mera preparação para a vida após a morte ou a profunda imersão em questões “desta vida”, via de regra voltadas para o constante conforto e bem estar em nome de uma suposta prosperidade assegurada aos que crêem de verdade na verdade. O resultado são pessoas engajadas com uma transformação reduzida aos ambientes religiosos, mas não efetivamente clara e estabelecida na vida em geral.

É sabido que uma minoria dos membros das igrejas é que busca um aprendizado formal na área teológica. Por causa disso, o mais importante não é o que Teologia significa para os estudantes dela, mas sim para as pessoas em geral.

O Estudo Teológico não é atraente para muitos porque se concentra em mera apreensão de informações e transmissão de conteúdos extremamente complexos, porém, Teologia é pra ser “todo esforço dos cristãos para pensar sua crença acerca do que Deus faz na História e como isso afeta suas vidas!” Talvez a vida seja, nesse caso, mais objeto de estudo do que Deus!

Minha intenção é provocar uma percepção da necessidade de criar relações entre a TEOLOGIA, a EDUCAÇÃO e a VIDA DAS PESSOAS. Acredito no papel da Teologia como EDUCADORA PARA VIDA e não meramente como ferramenta religiosa para “doutrinar” um povo, sem contribuições efetivas para a sociedade como um todo.

Entendo que Teologia educa e afeta a vida das pessoas. Todas as principais doutrinas têm sua dimensão prática exatamente como todas as questões práticas têm seu aspecto doutrinal. Por isso, o grande desafio é diminuir a distância entre a TEOLOGIA e a VIDA COTIDIANA, de modo que ambas se encontrem e se abracem clareando o real sentido do que é “viver para Deus”.

A grande questão é: o quanto a Teologia pode efetivamente educar as pessoas a ponto de interferir no seu modo de vida e elevar a vida a níveis satisfatórios de bem estar e de relacionamento com o Criador?

O Apóstolo Paulo, em 2 Timóteo 3.16,17 afirmou que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. A visão de Paulo quanto à “utilidade” das Escrituras Sagradas vai bem mais além do que a estamos usando hoje.

Jesus demonstrou profundo interesse nas pessoas e em como suas crenças afetavam suas vidas. Em Mateus 23

Ele censurou escribas e fariseus por dificultarem a vida das pessoas. Precisamos fugir tanto da tendência grega que Paulo recriminou (1Co 1.22) quanto do casuísmo farisaico que Jesus reprovou tão claramente (Mt 23).

Contudo, é preciso reconhecer que, conforme afirmou Júlio Zabatiero, “educação é atividade complexa, exigente e de longa duração”. Sendo assim, no âmbito da Educação Teológica, é também preciso instigar os egressos a pensarem em como o aprendizado poderá afetar suas vidas e a daqueles para os quais irão ministrar. Em função disso, quaisquer práticas educativas são incompletas e sujeitas à renovação e mudança em virtude da singularidade inerente a cada pessoa.

January 01, 2020

Este é o quarto Item

O que a igreja espera da educação teológica

O QUE A IGREJA ESPERA DA EDUCAÇÃO TEOLÓGICA

Introdução

Como elemento introdutório, gostaria de destacar que a tarefa que engloba esse tópico não tem se demonstrado das mais árduas na Conferência, quando comparada aos tópicos destacados por outros palestrantes, mas, falar sobre o que a Igreja espera da Educação Teológica poderia se apresentar por demais simplista se coubesse simplesmente ao palestrante trazer uma extensa lista de tudo que deveria existir ou não nos seminaristas ao retornar das escolas teológicas para o dia-a-dia da igreja.

Se olharmos com mais ênfase ao que tem sido proposto, é necessário não apenas ao palestrante como a todo leitor pensar a questão não somente em nosso contexto contemporâneo, mas por si só, convém antes de chegarmos ao âmago da proposta da qual ocuparei me aqui, fazer uma reflexão na relação Educação Teológica–Igreja.

Não é minha intenção acreditar ou fazer o leitor acreditar que seria possível pontuar nessa palestra, a questão de forma que poderíamos encerrá-la, mas dentro da limitação não somente de espaço, mas também humana, apontarei algumas alternativas que nos permitam continuarmos a abrir um diálogo nesse campo e diminuir as diferenças existentes nessa relação, acentuando a unidade existente entre ambas, que de fato, existe.

Se por um lado, a igreja pergunta sobre a relevância e a necessidade das escolas teológicas, por outro lado, as escolas teológicas avaliam as igrejas por sua falta de maturidade bíblica e teológica. Na verdade, ambas possuem uma interdependência nessa relação que, para abrir-se em um diálogo, deve existir respeito, amor e compromisso. São irmãs gêmeas que, mesmo que insistam em se separar, nasceram para viver juntas. Uma precisa da outra.

Um olhar histórico

Seria inocência de nossa parte se pensássemos que a reflexão sobre a educação teológica e a igreja é algo inerente apenas ao nosso tempo.

Sabemos que, com o decorrer dos tempos, houve diversas alterações no âmbito do ensino teológico, trazendo avanços notáveis, porém, apresentando alguns vieses causando distorções e um distanciamento entre as escolas teológicas e a igreja.

Considerando assim, poderíamos deitar um olhar crítico para as escolas teológicas e culpá-las por não terem percebido as mudanças que estavam adentrando suas portas, advindo das novas mentalidades seculares e as mudanças de um mundo globalizado.

É preciso que haja um grande e permanente diálogo entre a igreja e as instituições teológicas.

Fundamentação

Por que a igreja precisa das escolas teológicas? Essa pergunta insiste em perdurar, feita especialmente pelos pastores e líderes eclesiásticos.

Logicamente que quando a igreja envia um cristão para um seminário ela não espera receber o mesmo cristão, pois compreende que esse será um período de aprendizado para ele e todo o conhecimento trará mudanças em suas concepções. Mas a igreja não tem como abrir mão de algumas questões que espera se manter intactas nesse obreiro, ou seja, que a ortodoxia seja ainda um padrão na mente desse obreiro, quando a escola teológica o devolver após a conclusão de seu treinamento.

Acontece que a experiência de muitos vocacionados que foram às escolas teológicas, revela que vários deles se perderam ao longo da jornada. Alguns alegam que entraram crentes e depois saíram não crendo em partes das Sagradas Escrituras. Entraram com ardor evangelístico e saíram sem amor pelos perdidos. Tinham uma espiritualidade fervorosa e se transformaram em críticos de tudo e de todos. Essas são algumas causas que foram gerando o descrédito da igreja para com algumas escolas de Teologia. Ao voltar para a igreja esses estudantes sabem pregar bem, ministrar bons estudos bíblicos, mas sem a experiência prática ministerial, pois revelam desconhecimento das relações interpessoais, não sabem lidar com as tradições e os tradicionalismos denominacionais e locais.

Alguns resultados derivados disso são igrejas divididas, rachas e tempo consumido com questões não essenciais à vida da igreja. Quando se busca então um culpado o primeiro nome que surge na lista é, logicamente as escolas teológicas, dizem muitos críticos.

Preparação global e não local A igreja deseja que seu candidato tenha uma formação para ela mesma – local. Mas esse candidato entrará em contato com muitas outras teorias, conceitos, valores, teologias que estão para além dessa comunidade local. Resultado: surge então uma séria crítica às escolas teológicas de fazerem um estrago que vai além das concepções ortodoxas que deve nortear toda a escola compromissada com a sã doutrina.

Esses são alguns sinais que levam algumas igrejas e líderes eclesiásticos questionarem a razão de existir das escolas teológicas. É claro que existem muitos outros sinais que a brevidade desse espaço não nos permite tratar, entretanto, uma verdade se impõe: as igrejas precisam das escolas teológicas e vice-versa.

O crescimento da superficialidade em nosso contexto brasileiro, podemos observar que muitos pastores e líderes, estão iludidos pelo crescimento numérico da igreja. Essa mentalidade tem levado cada vez mais ao pragmatismo, imediatismo, voltados para resultados, não se importando com os meios para conseguir realizar seus projetos e sonhos.

Como resultado, temos uma igreja imatura, analfabeta funcional de Bíblia, com ênfase na emoção, cheia de gente vazia. E isso tem sido motivo pelos quais as igrejas tem sido alvo de críticas de algumas escolas teológicas, pois observam a falta de visão e de crescimento teológico desses pastores.

Uma reflexão

Em alguns contextos eclesiásticos, tem sido observado que há uma expectativa que os candidatos enviados não sofram muitas mudanças, o que acaba por se tornar um ledo engano. O resultado é que voltam diferentes e em vários casos, julgando se superiores, com mais conhecimento do que o próprio líder local e esquecendo-se de um grande princípio bíblico, que trata exatamente da submissão, respeito e sujeição à hierarquia ministerial.

Que opções devemos escolher? Para que tenhamos êxito na gloriosa tarefa de ganhar almas para o Reino de Deus, é preciso que escola teológica e igreja vivam e trabalhem em parceria com base na unidade de Cristo. Algumas práticas podem ser colocadas em ação para que essa relação seja saudável, amorosa e frutífera.

1. Ambas precisam se perceber como parceiras do Reino. Competição sempre foi e sempre será um desastre para igrejas, pastores e líderes. É necessário haver uma aproximação intencional de ambas as partes. Por parte da igreja pode se incentivar a orar pelas escolas, levar seus membros a conhecê-la, adotar seminaristas, convidar professores para dar palestras na igreja, para pregar, para testemunhar.

As escolas devem abrir espaço para ouvir os pastores, suas necessidades, suas preocupações, ter também programas para eles e incentivar a formação continuada deles. Sem essas parcerias ambas irão padecer.

A igreja não tem todos os dons, talentos e ferramentas para preparar um teólogo, embora, equivocadamente, algumas assim pensam o contrário. Por outro lado, escolas teológicas não podem preparar pastores sem diálogo e conhecimento das igrejas e suas necessidades. Ela prepara e capacita teólogos.

2. Os professores precisam estar envolvidos nas igrejas locais. O mundo acadêmico teológico não pode acontecer isolado da igreja.

Como esses professores que preparam os futuros teólogos podem capacitá-los sem ter a vivência do dia-a-dia da igreja? Essa é sem dúvida uma das principais lacunas.

3. As escolas teológicas denominacionais podem desenvolver um quadro docente profundamente comprometido com a igreja local. Isso pode ser estabelecido desde o processo de contratação do mesmo. Sem essa condição, não vejo lugar para esse docente na escola. Alguns podem argumentar: “mas existem certas disciplinas que não exigem isso”. Quais? Grego? Hebraico? Introdução à Sociologia? Não se trata de disciplinas optativas, mas de um processo pedagógico que é construído de forma integradora. Tudo na escola de Teologia é construído a partir do perfil do estudante. Ou seja, o perfil que se deseja formar nesse futuro teólogo. O teólogo sem a igreja é um perigo, porque seu compromisso não inclui a mesma. Teologia se faz com a igreja. Não se faz para ela, se faz para a missão de Deus. A igreja não é fim da missão, ao contrário, ela é o começo.

4. É importante que a educação teológica contemple a visão missiológica, incentivando os alunos a participarem de projetos missionários, de plantação de igrejas e de projetos evangelísticos. Uma escola descompromissada com a missão de Deus cai em descrédito. Qual a razão de uma escola teológica existir?

Em minha opinião, é parte da missão de Deus aqui na terra. Se Deus não tivesse uma missão no mundo, não seria necessário ter escolas de Teologia. Mas, como Ele tem, então a razão de existir deve ser a de preparar homens e mulheres para cumprirem e serem agentes da missão de Deus ao mundo. Isso também deve colocar a igreja no seu devido lugar.

A igreja não é razão da escola de Teologia. Ela é o instrumento usado por Deus, para sua missão terrenal. A igreja que barra, através de seus pastores e líderes, vocações pastorais não está contra a escola de Teologia, está, sim, contra a própria missão de Deus e terá que prestar contas a Ele.

Assim, a educação teológica deve imergir o estudante em um processo integral de formação e prática, com a esperança de que, ao final do seu treinamento teológico, ele esteja suficientemente preparado para ajudar a igreja a realizar a sua tarefa principal: anunciar as boas-novas de salvação.

A formação teológica é um processo para a vida toda, pois ela continua mesmo depois que o estudante completa seus estudos em uma instituição educacional teológica.

Conclusão

A igreja espera das escolas teológicas um auxílio na formação de seus membros, capacitando-os para que não somente saibam manusear as Escrituras, mas ao expô-la, façam de maneira correta, coerente e, acima de tudo, de forma que em todo o tempo o nome do Senhor seja glorificado.

Sabemos que a formação teológica em si mesma, caso não seja disseminada, torna-se apenas uma informação a mais, porém, quando compartilhada sob a inspiração do Espírito Santo e de maneira adequada, tem um grande poder na transformação de vidas e no desenvolvimento espiritual.

A palavra de ordem não é competição, mas cooperação. Cooperação porque igreja e educação teológica devem complementar-se. A escola teológica dá a formação e capacitação teológica genuína e a igreja complementa com a formação ministerial adequada, de acordo com seus costumes e dogmas.

January 01, 2020

Cópia do: Este é o quinto Item

O que é excelência na Educação teológica?

De acordo com o Merriam Webster On-line Dictionary, excelente significa muito bom, de primeira classe, superior, sugerindo que excelência implica virtude ou algo que é valioso.

Assim, parece que se nossas instituições de educação teológica podem demonstrar valores e virtudes, nossos folders poderiam declarar que somos de primeira classe, excelentes. Somos mais do que apenas adequados, somos muito bons no que fazemos, ou, pelo, menos é o que devemos ser, correto?

Agora, como podemos perceber ou reconhecer a excelência diante de tão grande variedade de programas teológicos fazendo as coisas de forma tão diferente, especialmente à luz dos aspectos quase ilimitados nos quais sabemos que nossas próprias instituições poderiam ser melhores? A seguir, vamos examinar um pouco deste vasto assunto.

É a excelência bíblica?

Em Gênesis 1, lemos que Deus fizera exatamente o que pretendia fazer, pelo poder de Sua Palavra. Ele gostou do que viu e afirmou: “Isso é bom!” Reconhecemos uma qualidade incomparável em caráter, em resultados e no processo. A excelência é vista em quem Deus é no que Ele faz e em como Ele faz.

Ainda virá o dia em que seremos transformados em um abrir e fechar de olhos (1Co 15.51), apesar de que Paulo pode dizer que, já neste tempo presente, “é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele.” (Fp 2.13).

Emprestando a linguagem do mundo dos negócios, as marcas ou padrões de excelência são claros no caráter de Deus. Porém, mesmo não sendo possível ter uma escola sem defeitos, somos encorajados a aprender a valorizar a excelência. O apóstolo Paulo disse que somos chamados a refletir sobre o que é excelente (Fp 4.8).

Ao escrever a Tito, o apóstolo indicou que, quando estava fazendo o que era bom e útil para todos, a igreja estava empenhada em algo que poderia ser chamado de excelente (Tt 3.8) e também diz algo semelhante quando descreve o valor do amor, chamando-o de “um caminho ainda mais excelente.” (1Co 12.31).

A excelência é o mesmo que sucesso?

De certa forma, a resposta é sim. Deus realizou o que queria realizar. Isto é um trabalho de primeira classe. Existe excelência ou qualidade quando as coisas certas são feitas da maneira certa, no entanto, a questão não é apenas alcançar um objetivo: é alcançar os objetivos corretos.

Quando a excelência é fundamentalmente definida pelo “sucesso”, existe uma forte tentação a se contar histórias que não representam exatamente o quadro completo. Se uma instituição de treinamento relata que todos os seus estudantes foram aprovados com sucesso em seus exames, talvez isso mereça uma celebração. Entretanto, o que foi realmente testado nesses exames? Os alunos são capazes de pregar? Ou ainda, eles são pregadores brilhantes, mas tão arrogantes que ninguém os quer como pastores? A excelência é mais do que apenas uma lista de “sucessos”, especialmente se estes forem decorrentes de objetivos mal estabelecidos, relatórios seletivos, análises incompletas ou uma utilização equivocada de estatísticas.

Contudo, quando somos capazes de realizar as coisas corretas da maneira correta, há muito que comemorar com o nosso sucesso. É a excelência relativa? Sim e não.

Avaliamos a nossa qualidade enquanto nos comparamos com padrões e objetivos específicos. Isso não é relativo. Porém, muitos padrões são diferentes para pessoas e contextos diferentes, e em momentos diferentes. Quando os objetivos de uma atividade ou organização se modificam, os critérios pelos quais avaliamos a excelência devem também mudar.

Um curso de especialização em aconselhamento conjugal deve ser avaliado de forma diferente de um seminário oferecido em um fim de semana para ajudar os casais a aprenderem a se comunicar melhor.

Ambos terão padrões e critérios diferentes de excelência se comparados a um acampamento que pretende ajudar garotos a melhorarem seu futebol. Avaliar a excelência também depende das habilidades e da experiência dos participantes. Afirmamos a excelência a partir do sucesso que obtemos em alcançar um padrão ou objetivo que seja apropriado ao programa e ao nível de habilidades e experiências daqueles que participam do programa.

Quem determina os padrões ou a excelência de alguém?

1. O próprio Deus. Programas de educação teológica evangélica existem para glorificar a Deus. Nossa aspiração individual e institucional deve ser ouvir Deus dizendo “Muito bem, servo bom e fiel”.

Ao procurarmos desempenhar a tarefa que nos foi dada, precisamos atentar para a Palavra do Senhor e ouvir o Espírito de Deus a fim de caminhar e trabalhar com sabedoria.

Apesar de a avaliação final das nossas obras ocorrer apenas no final dos tempos, quando todas as coisas serão reveladas, Deus pode nos encorajar (e corrigir) naquilo que estamos fazendo agora.

2. A comunidade a que servimos. Além do próprio Deus, o local mais importante em que devemos ouvir palavras de encorajamento a respeito de nossa excelência é a comunidade a que buscamos servir.

O feedback de nossa clientela é a melhor forma de receber as informações positivas e/ou negativas a respeito de nossa excelência.

3. Agências oficiais do governo. Existe afirmação de qualidade e excelência em validações oficiais ou processos de reconhecimento.

Cada vez mais os governos se reservam ao direito de “credenciar” ou “reconhecer” programas de educação. Isso não restringe o direito de igrejas ou instituições teológicas de oferecerem seminários e workshop relevantes, no entanto, autoridades de educação governamentais querem garantir que as instituições educacionais sejam competentes e estruturadas o bastante para serem escolas.

O reconhecimento do governo protege as pessoas comuns de falsos programas educacionais que oferecem “graduações” baratas e com um mínimo de trabalho.

Tais esforços de validação geralmente não intervêm em questões sobre:

a) quem serve como professor;

b) quem é ensinado;

c) o que é ministrado em cada um dos cursos.

Seu enfoque está em que professores sejam qualificados, que a escola tenha instalações e saúde financeira adequadas, que os currículos sejam bem desenhados para as graduações oferecidas, que os programas tenham um bom regimento, um bom corpo administrativo, etc.

Por uma série de razões, uma instituição teológica evangélica pode optar por não ser reconhecida pelo MEC, no entanto, muitos estudantes preferem fazer um curso que seja reconhecido pelo governo, precisamente porque isso implica uma afirmação oficial da qualidade e excelência do programa.

4. Organizações teológicas. Organismos governamentais não estão em condições de avaliar se estamos fazendo bem à formação de caráter ou à preparação efetiva de pessoas para o ministério cristão.

Esse tipo de avaliação, contudo, pode ser realizado por colegas que trabalhem em comissões de reconhecimento de organizações que atuam em áreas equivalentes, como, por exemplo, a AUTAD , que, além de ser uma associação de escolas teológicas evangélicas, é uma respeitada agência de reconhecimento dessas escolas no Brasil e nos demais países da América Latina. É muito bom quando um programa teológico pode ser internacionalmente honrado por sua qualidade.

5. A equipe e a liderança da própria instituição. Todos os que estão envolvidos na educação teológica precisam perceber se estão ou não fazendo um bom trabalho. O programa educacional deve se tornar uma comunidade que constantemente se renova e encoraja para continuar a crescer em excelência.

Todos os programas de treinamento necessitam multiplicar suas formas de obter feedback para aprenderem mais sobre o que estão fazendo. Ser uma escola excelente requer excelência em muitas áreas distintas. Uma boa maneira para um programa avaliar sua própria excelência é trabalhar com as perguntas de auto-avaliação que fazem parte das visitas for-mais das agências de reconhecimento.

É a excelência possível?

Na verdade, ela é exigida! A Palavra de Deus não nos chamaria à excelência se ela não fosse possível. Então, até que ponto nós estamos consciente das excelências, sabendo que Deus está trabalhando em nós e através de nós? Temos os olhos de Deus para compreender as necessidades do povo e de seu ambiente? Estamos utilizando nosso tempo de maneira sábia, para que façamos as coisas certas e da maneira correta? Estamos nos acomodando na mediocridade? Temos respondido bem às necessidades do contexto que integramos, diante dos nossos objetivos e propósitos? Estamos satisfeitos com os processos que temos utilizado para cumprir nossos objetivos? Saber as respostas destas e de outras perguntas nos ajuda a afirmar se nossa instituição teológica é ou não excelente, não apenas aos olhos de Deus, mas diante de muitos outros.

Conclusão

O apóstolo Paulo encoraja todos nós com estas palavras: “Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.” (Cl 3.17). Como a educação é um mandado que recebemos do nosso Mestre – Jesus Cristo, como parte de Sua Grande Comissão para toda a Igreja (Mt 28.18-20), todos aqueles que servem na liderança de instituições teológicas precisam descobrir o que é ou não excelente dentro do que estão fazendo.

Artigo adaptado do livro “A Excelência no Ensino Teológico”, Capítulo I (Steve Hardy, Editora Descoberta, 2007).

January 01, 2020

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Programa de Reconhecimento Acadêmico da AUTAD

Antes de expor sobre o Programa de Reconhecimento Acadêmico da AUTAD esclarecemos que há uma nítida diferença entre Afiliação e Reconhecimento.

Afiliação

O primeiro passo para ingressar na AUTAD  ocorre através da solicitação de afiliação. Toda instituição teológica devidamente organizada, atuando em qualquer país da América sul, pode solicitar sua afiliação. O processo se dá com a análise de toda a documentação requerida da instituição (ou de sua mantenedora), resultando em aprovação ou não de sua afiliação.

Muitas instituições foram aprovadas até aqui e raros são os casos de indeferimento. O processo de afiliação não leva em conta o sistema de aplicação de ensino, o corpo docente ou a estrutura física da solicitante, analisa tão somente a documentação da instituição. Sem saberem disto, muitas escolas, infelizmente, se consideram inaptas para solicitar sua afiliação. Estar afiliada à AUTAD  é fazer parte de uma respeitada associação continental, tendo oportunidade de participar de atividades que primam pelo desenvolvimento na educação teológica e de usufruir de benefícios exclusivos.

Reconhecimento

A AUTAD , também como uma Agência de Reconhecimento de escolas teológicas, apresenta critérios mais acurados e exigências maiores para o Programa de Reconhecimento Acadêmico (PRA). O PRA destina-se às instituições que já passaram pelo processo de afiliação e se encontram em funcionamento regular. O PRA não tem qualquer vínculo com o reconhecimento legal oferecido pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC, visto que as proposições são distintas. O propósito do PRA é assegurar e provar publicamente a excelência da educação oferecida pela instituição afiliada. O processo se inicia com uma auto-avaliação da instituição que averiguá se sua prática educativa está cumprindo com a sua missão, sua filosofia educacional e seus objetivos estabelecidos (auditoria interna). Depois desta análise, a instituição está pronta para verificar se os níveis dos cursos por ela oferecidos correspondem às normas definidas em comum acordo pelas instituições afins (auditoria externa).

Dentre os benefícios do PRA destacam-se:

a) oferecer a oportunidade para uma auto-avaliação saudável e completa da instituição;

b) facilitar a cooperação entre as instituições (com transferência de créditos entre as instituições);

c) conectar a instituição em redes mais amplas, como é a AUTAD  

Atualmente temos poucas instituições que possuem o reconhecimento e outras em processo. Talvez a baixa procura pelo PRA se dê pelo receio no meio acadêmico em relação a procedimentos que demandam muitas exigências e também pelo fato de não se resolverem de forma rápida, o que não significa que irá comprometer as atividades da instituição.

O PRA é trabalhoso e as instâncias no processo são paulatinas. Entretanto, são exatamente essas exigências que geram a certeza de que uma instituição reconhecida pela AUTAD  é, de fato, uma referência no meio teológico continental. Existem muitas instituições que têm plenas condições de ser reconhecidas pela AUTAD , porém, devido ao receio, não solicitam o reconhecimento.

Novamente, pretende-se aqui também incentivar as escolas já afiliadas a buscarem o seu reconhecimento e, assim, fazerem parte de um seleto grupo de es-colas reconhecidas, aumentando ainda mais sua credibilidade e sua referência no meio teológico continental.

O processo de reconhecimento dura no mínimo um ano, e tem seus custos operacionais com os membros da Comissão de Reconhecimento. Após a aprovação, há uma pequena taxa anual de manutenção do reconhecimento.

January 01, 2020

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Um diálogo sobre a educação teológica

Entendemos como finalidade da educação teológica a capacitação do povo de Deus para o serviço do reino. Essa capacitação deve ter como resultado pessoas aptas para as tarefas pastorais e educativas implicadas na formação do povo de Deus para o cumprimento de sua missão no mundo. As tarefas envolvem o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais, o evangelismo, o aconselhamento, o acompanhamento e a exortação visando o estabelecimento de comunidades maduras que glorifiquem a Deus no mundo.


A luz de tais objetivos, a pedagogia evangélica deve espelhar a da Bíblia, que não consagrava o academicismo, mas lidava com a definição e resolução de problemas pastorais em seus aspectos doutrinários e práticos, de modo a produzir uma conduta digna de Cristo. Isso pressupõe familiaridade com a Palavra de Deus, submissão a ela e aptidão para expô-la de maneira contextual e relevante mediante o uso dos recursos disponíveis.


Reconhecemos que os recursos vitais para a tarefa da educação teológica são a Palavra de Deus, o Espírito de Deus e o próprio povo de Deus capacitado pelo Espírito. Essa tarefa precisa ser entendida como intelectual, no sentido de compreensão e transmissão da Palavra escrita, sem, contudo, dar lugar ao intelectualismo ou conceitualismo alienado da vida.


Precisa ser entendida como espiritual, no sentido de dependência do poder do Espírito, que se expressa em modificação de caráter à luz da Palavra. Precisa ainda ser entendida como comunitária por demandar a comunhão do povo de Deus e visar o serviço a esse povo pelo ensino e pela exortação, sem ceder ao individualismo descomprometido que muitas vezes caracteriza nossa herança pietista.


Dificuldades, Necessidades, Limitações e Desafios


A crescente informalização da sociedade, provocada pela explosão demográfica, aceleração tecnológica e confusão ideológica, tem ocasionado o aumento da improvisação, marginalidade e luta desesperada pela sobrevivência.


A morte das utopias tem resultado em um vácuo existencial e em uma desorientação social. O discurso teológico corre o perigo de tornar-se vazio e a educação teológica de perder suas referências.


Um relativismo ético tem afetado perigosamente todos os setores do evangelicalismo e tolerado um dedonismo “cristão” alimentado por uma aceitação acrítica do marketing secular. A competição entre os vários credos e crendices que disputam o “mercado” tem produzido um afrouxamento das exigências do discipulado cristão.


A razão tem sido abandonada em favor do sentimento, com expressão na música, na literatura e também na religiosidade. Como conseqüência, a reflexão teológica tem sido considerada como mera perda de tempo. Tem havido mais “mercado” para a ação e a emoção.


O fenômeno religioso tem persistido, a despeito de todos os prognósticos do liberalismo e do marxismo, ainda que de maneira irracional, sendo utilizado como válvula de escape por uma sociedade cada vez mais desumanizada e coisificada por seu próprio progresso tecnológico. Nossa época se tem caracterizado pela romaria religiosa, seja ela aos tradicionais santuários católicos, aos centros espiritualistas ou aos maciços acontecimentos evangélico-carismáticos.


Tem crescido um protestantismo popular, aglutinando várias das tendências acima mencionadas, mas também oferecendo respostas pastorais aos anseios espirituais de parte significativa da população latino-americana. As denominações históricas têm crescido menos que o pentecostalismo e muito menos que o neo-pentecostalismo, e para eles têm perdido muitos de seus membros, a despeito de toda sua aparelhagem educacional teológica.


As escolas, algumas vezes, têm-se distanciado das igrejas e da vida cotidiana. Em alguns casos, tem-se chegado ao extremo de formas educativas que não permitem ao aluno expressar-se e realizar-se. Tais formas tendem à uniformidade e a uma falta de integração do sensorial, do intuitivo, do relacional e do ético. Além disso, têm promovido à competitividade e o elitismo.


A grande maioria das mudanças e inovações realizadas nessas escolas não parece tocar o essencial. O conhecimento, que geralmente vem dos livros ou do discurso do professor, e poucas vezes da pesquisa e experiência do próprio aluno, é recebido, memorizado e repetido. Raramente é descoberto, testado e recriado pelos que estão ali para aprender.


As escolas, originalmente iniciadas pelas igrejas, delas se têm distanciado, perdendo grande parte de sua relevância social e ministerial.

Propostas


As propostas abaixo apresentadas não pretendem encerrar o diálogo, que entendemos deva ser permanente.


A educação teológica, que reconhecemos ser uma responsabilidade das igrejas instrumentalizada pelas escolas, deve:

(1) visar a plenitude pessoal do aluno, o que certamente inclui o desenvolvimento de uma devoção individual a Deus, expressa em comunhão regular com Ele, pela leitura da Palavra, pela oração e adoração, e em demonstração de humildade e serviço em um contexto de comunidade, onde o aluno exorte e seja exortado à demonstração do caráter de Cristo;

(2) possibilitar o exercício da vida em comunidade, entendido como manifestações regulares de comunicação, perdão, disciplina, celebração da fé e compromisso com Cristo, e desenvolvimento de um conceito de liderança igualmente distanciada do caudilhismo e da subserviência;

(3) ter em vista ainda maturidade e missão, pelo que entendemos uma atitude correta frente ao sofrimento por amor de Cristo, a solidariedade cristã diante da carência material de tantos, a perseverança numa tarefa contra cultural num ambiente hostil, e a capacidade de responder bíblica e ousadamente ao crescente pluralismo religioso de nossa sociedade.


Considerando as constantes e rápidas mudanças pelas quais passam a Igreja e a sociedade recomendamos que as escolas se envolvam periódica e intensamente em processos de auto-avaliação nas seguintes áreas:

(1) que seus ex-alunos avaliem a filosofia, propósitos e objetivos, programa e currículo educacionais, para determinar as áreas em que sentiram deficiências ou desequilíbrios (a periodicidade fica a critério da escola);

(2) que as denominações/igrejas locais/missões sejam consultadas sobre a qualidade do obreiro graduado em termos de relacionamento e capacitação ministerial;

(3) que professores sejam periodicamente avaliados quanto a conteúdo didático e influência pastoral nas vidas dos alunos; e

(4) que seu currículo seja periodicamente avaliado internamente, com ajuda de organizações como a AUTAD .


Deveriam as escolas avaliar e reorientar seus instrumentos de avaliação acadêmica para que passem do nível predominantemente conceitual para o nível de identificação e resolução de problemas de ordem ministerial prática (do tipo estudo de casos), com base em exegese, teologia bíblica e sistemática, e ética cristã.


Avaliações periódicas de ministério e vida cristã por parte da liderança da igreja deveriam ser condições de permanência no programa educacional. Recomendação de vida cristã e envolvimento ministerial do candidato por parte da igreja local deveriam ser determinantes à sua admissão como aluno.


Recomendamos que as igrejas assumam a iniciativa de cultivar nos candidatos à liderança o caráter baseado no fruto do Espírito e nas bem-aventuranças. Isso demandará a criação de programas que enfatizem:

(1) o relacionamento pessoal e regular com Deus, expresso em meditação da Bíblia, oração, testemunho e contribuição; e

(2) o discipulado como desenvolvimento de relacionamentos interpessoais e não como mero controle de dados históricos ou teológicos.

 

Recomendamos ainda que as escolas teológicas dêem seqüência a esse processo, incluindo e priorizando em seu currículo matérias e/ou programas que enfatizem a devoção pessoal e o mútuo encorajamento na piedade.


Deveriam as igrejas oferecer aos candidatos à liderança um breve programa de aconselhamento bíblico que antecipe e ajude a prevenir possíveis áreas de conflito no processo de treinamento teológico. As escolas, por sua vez, deveriam criar ou fortalecer o cargo de Deão de Alunos, cujo ministério seria promover o cuidado pastoral do corpo discente com vistas a desenvolver nos alunos humildade, espírito de servo, auto-imagem equilibrada, transparência nos relacionamentos, fidelidade conjugal, valorização da família, e sensibilidade às carências dos indivíduos e das comunidades às quais ministram.


Em vista da multiplicidade de tarefas contidas na função pastoral, recomendamos às igrejas que concedam aos pastores condições (econômicas e de tempo) para tomar como aprendizes ministeriais, por tempo determinado, pessoas que se considerem vocacionadas, para que estas não se dirijam a uma escola teológica por puro romantismo, mas com conhecimento de causa e por compromisso com Cristo.


Recomendamos o estabelecimento de estágios de aprovação por parte de igreja e escola ao longo do curso, enfatizando-se, nesta ordem,

(1) caráter e conduta cristã,

(2) aproveitamento acadêmico, e

(3) desempenho ministerial. O rigor de tais critérios de aprovação deveria variar com a natureza do programa para o qual o aluno se apresenta ou é recomendado. Quando mais básico o programa, mais se deverá enfatizar o caráter, quanto mais avançado, mais se enfatizará a capacidade ministerial.


Deveriam as escolas encorajar o aluno à transparência de vida e à liberdade de buscar ajuda no Corpo de Cristo como algo que não é vergonhoso, mas necessário a cada crente. Deveriam desencorajar, em vez de premiar, o isolamento.


Recomendamos que escolas priorizem nos alunos:

(1) a formação de uma cosmovisão cristã;

(2) a análise crítica da sociedade em que pretendem ministrar; (3) a comunicação exata, criativa e relevante dos princípios eternos da Palavra de Deus;

(4) a capacidade de se relacionar de maneira equilibrada com pessoas de variados contextos de vida;

(5) a capacidade de aconselhar á luz das Escrituras;

(6) a capacidade de administrar programas e liderar pessoas.


Deveriam estimular a produção literária (reflexiva e educacional) do aluno. Escolas que possuam publicações de qualquer natureza deveriam oferecer aos alunos em vários níveis a possibilidade de contribuírem e envolver regularmente seus ex-alunos na produção da revista ou periódico.


Recomendamos que insiram seus alunos nos setores mais carentes da sociedade como agentes de transformação social, administrando projetos comunitários de reforço escolar, alfabetização e recreação, com vistas a capacitá-los a agir assim quando líderes de igrejas locais.


Deveriam as escolas não-residentes incluir no programa oportunidades de ensino que permitam a convivência professor-aluno na prática do ministério. Parte do período de férias letivas poderia ser destinada a esses projetos de campo, com uma rotatividade entre professores e alunos participantes. Deveriam tais escolas estabelecer programa de relacionamento pessoal entre o aluno e a liderança estabelecida da Igreja local, visando desenvolver o caráter do educando e seu ministério participativo na comunidade. Escola e igreja poderiam trabalhar juntas para estabelecer os critérios de avaliação desse relacionamento. Isso evitaria a tendência do estudante de teologia em ser exageradamente crítico da igreja local.


Recomendamos que as escolas ofereçam aos seus docentes oportunidades de aperfeiçoamento pedagógico, a intervalos regulares, em áreas como didática do ensino superior, planejamento de disciplina, processo de avaliação, tecnologia educacional, etc.


Igrejas e escolas deveriam estabelecer programas cooperativos de reciclagem. Sabáticos (pagos) para professores, durante os quais estes participem do processo pastoral/educacional/missiológico da igreja, e participação regular (patrocinada pela igreja) de pastores em cursos e oficinas de atualização teológica promovidos pela escola são desdobramentos dessa proposta.


Recomendamos que as escolas priorizem a formação e o fortalecimento de associações de regionais e nacionais de ex-alunos, promovendo encontros periódicos nos dois níveis e designando um membro do corpo docente ou da equipe residente para coordenar esses contatos e eventuais auxílios de ordem pessoal e vocacional.

As propostas abaixo apresentadas não pretendem encerrar o diálogo, que entendemos deva ser permanente.A educação teológica, que reconhecemos ser uma responsabilidade das igrejas instrumentalizada pelas escolas, deve:

(1) visar a plenitude pessoal do aluno, o que certamente inclui o desenvolvimento de uma devoção individual a Deus, expressa em comunhão regular com Ele, pela leitura da Palavra, pela oração e adoração, e em demonstração de humildade e serviço em um contexto de comunidade, onde o aluno exorte e seja exortado à demonstração do caráter de Cristo;

(2) possibilitar o exercício da vida em comunidade, entendido como manifestações regulares de comunicação, perdão, disciplina, celebração da fé e compromisso com Cristo, e desenvolvimento de um conceito de liderança igualmente distanciada do caudilhismo e da subserviência;

(3) ter em vista ainda maturidade e missão, pelo que entendemos uma atitude correta frente ao sofrimento por amor de Cristo, a solidariedade cristã diante da carência material de tantos, a perseverança numa tarefa contra cultural num ambiente hostil, e a capacidade de responder bíblica e ousadamente ao crescente pluralismo religioso de nossa sociedade.

 

Considerando as constantes e rápidas mudanças pelas quais passam a Igreja e a sociedade recomendamos que as escolas se envolvam periódica e intensamente em processos de auto-avaliação nas seguintes áreas:

(1) que seus ex-alunos avaliem a filosofia, propósitos e objetivos, programa e currículo educacionais, para determinar as áreas em que sentiram deficiências ou desequilíbrios (a periodicidade fica a critério da escola);

(2) que as denominações/igrejas locais/missões sejam consultadas sobre a qualidade do obreiro graduado em termos de relacionamento e capacitação ministerial;

(3) que professores sejam periodicamente avaliados quanto a conteúdo didático e influência pastoral nas vidas dos alunos; e

(4) que seu currículo seja periodicamente avaliado internamente, com ajuda de organizações como a AUTAD. Deveriam as escolas avaliar e reorientar seus instrumentos de avaliação acadêmica para que passem do nível predominantemente conceitual para o nível de identificação e resolução de problemas de ordem ministerial prática (do tipo estudo de casos), com base em exegese, teologia bíblica e sistemática, e ética cristã.Avaliações periódicas de ministério e vida cristã por parte da liderança da igreja deveriam ser condições de permanência no programa educacional. Recomendação de vida cristã e envolvimento ministerial do candidato por parte da igreja local deveriam ser determinantes à sua admissão como aluno.

 

Recomendamos que as igrejas assumam a iniciativa de cultivar nos candidatos à liderança o caráter baseado no fruto do Espírito e nas bem-aventuranças. Isso demandará a criação de programas que enfatizem:

(1) o relacionamento pessoal e regular com Deus, expresso em meditação da Bíblia, oração, testemunho e contribuição; e

(2) o discipulado como desenvolvimento de relacionamentos interpessoais e não como mero controle de dados históricos ou teológicos.

 

Recomendamos ainda que as escolas teológicas dêem seqüência a esse processo, incluindo e priorizando em seu currículo matérias e/ou programas que enfatizem a devoção pessoal e o mútuo encorajamento na piedade.Deveriam as igrejas oferecer aos candidatos à liderança um breve programa de aconselhamento bíblico que antecipe e ajude a prevenir possíveis áreas de conflito no processo de treinamento teológico. As escolas, por sua vez, deveriam criar ou fortalecer o cargo de Deão de Alunos, cujo ministério seria promover o cuidado pastoral do corpo discente com vistas a desenvolver nos alunos humildade, espírito de servo, auto-imagem equilibrada, transparência nos relacionamentos, fidelidade conjugal, valorização da família, e sensibilidade às carências dos indivíduos e das comunidades às quais ministram.Em vista da multiplicidade de tarefas contidas na função pastoral, recomendamos às igrejas que concedam aos pastores condições (econômicas e de tempo) para tomar como aprendizes ministeriais, por tempo determinado, pessoas que se considerem vocacionadas, para que estas não se dirijam a uma escola teológica por puro romantismo, mas com conhecimento de causa e por compromisso com Cristo.

 

Recomendamos o estabelecimento de estágios de aprovação por parte de igreja e escola ao longo do curso, enfatizando-se, nesta ordem,

(1) caráter e conduta cristã,

(2) aproveitamento acadêmico, e

(3) desempenho ministerial. O rigor de tais critérios de aprovação deveria variar com a natureza do programa para o qual o aluno se apresenta ou é recomendado.

 

Quando mais básico o programa, mais se deverá enfatizar o caráter, quanto mais avançado, mais se enfatizará a capacidade ministerial.Deveriam as escolas encorajar o aluno à transparência de vida e à liberdade de buscar ajuda no Corpo de Cristo como algo que não é vergonhoso, mas necessário a cada crente. Deveriam desencorajar, em vez de premiar, o isolamento.Recomendamos que escolas priorizem nos alunos:

(1) a formação de uma cosmovisão cristã;

(2) a análise crítica da sociedade em que pretendem ministrar;

(3) a comunicação exata, criativa e relevante dos princípios eternos da Palavra de Deus;

(4) a capacidade de se relacionar de maneira equilibrada com pessoas de variados contextos de vida;

(5) a capacidade de aconselhar á luz das Escrituras;

(6) a capacidade de administrar programas e liderar pessoas.Deveriam estimular a produção literária (reflexiva e educacional) do aluno.

 

Escolas que possuam publicações de qualquer natureza deveriam oferecer aos alunos em vários níveis a possibilidade de contribuírem e envolver regularmente seus ex-alunos na produção da revista ou periódico.Recomendamos que insiram seus alunos nos setores mais carentes da sociedade como agentes de transformação social, administrando projetos comunitários de reforço escolar, alfabetização e recreação, com vistas a capacitá-los a agir assim quando líderes de igrejas locais.Deveriam as escolas não-residentes incluir no programa oportunidades de ensino que permitam a convivência professor-aluno na prática do ministério. Parte do período de férias letivas poderia ser destinada a esses projetos de campo, com uma rotatividade entre professores e alunos participantes.

 

Deveriam tais escolas estabelecer programa de relacionamento pessoal entre o aluno e a liderança estabelecida da Igreja local, visando desenvolver o caráter do educando e seu ministério participativo na comunidade. Escola e igreja poderiam trabalhar juntas para estabelecer os critérios de avaliação desse relacionamento. Isso evitaria a tendência do estudante de teologia em ser exageradamente crítico da igreja local.Recomendamos que as escolas ofereçam aos seus docentes oportunidades de aperfeiçoamento pedagógico, a intervalos regulares, em áreas como didática do ensino superior, planejamento de disciplina, processo de avaliação, tecnologia educacional, etc.Igrejas e escolas deveriam estabelecer programas cooperativos de reciclagem. Sabáticos (pagos) para professores, durante os quais estes participem do processo pastoral/educacional/missiológico da igreja, e participação regular (patrocinada pela igreja) de pastores em cursos e oficinas de atualização teológica promovidos pela escola são desdobramentos dessa proposta.Recomendamos que as escolas priorizem a formação e o fortalecimento de associações de regionais e nacionais de ex-alunos, promovendo encontros periódicos nos dois níveis e designando um membro do corpo docente ou da equipe residente para coordenar esses contatos e eventuais auxílios de ordem pessoal e vocacional.

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